domingo, 18 de dezembro de 2011

Ensinamento



Demorei para entender que quando acordo Deus está me dando uma oportunidade de recomeçar alguns capítulos que nem desejava mais colocar no livro! Tentar é, sem dúvida alguma, uma oportunidade de nascer todos os dias estando viva!

domingo, 11 de dezembro de 2011

Dialética

Interessante como a gente só percebe que pensa " velho" quando o novo aparece!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011


Ando cansada de ser contemporânea. Por favor, não me adjetivem do que torna exaustivo existir. Quero ser mulher, só isto! E me basta!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011


Era tudo mais romântico e misterioso no tempo que para ser voyeur bastava vigiar a janela do vizinho. Hoje,o que nos resta é teclar o twitter de quem seguimos...

domingo, 27 de novembro de 2011

O que não tem nome...


Nem sei que nome eu dou para este devaneio. Fato é que tem dias que a gente acha tudo tão monótono: o pássaro do vizinho cantar na mesma hora, o bom dia igual para as pessoas, o alarme tocar todo dia, ter que comer direito porque não há mais tempo de não ter saúde, fazer ginástica porque não se pode mais ter um quilo a mais, mais sensato sempre um quilo a menos. Vida, viver. Dia após dia sempre em busca de uma saída, porque também não é ideal morrer. Morrer é banal. Morrer é o que fazemos diariamente para não sofrer. Morrer é quando a gente deixa de. Só que chega uma hora em que.

“Tudo vale a vale a pena se a alma não é pequena”? Mas o que vale realmente a pena? Todos os amores deletados do arquivo de fotos não reveladas do computador? Todas as conversas nas esquinas da cidade? Escutar o barulho da chuva durante três dias consecutivos e ter a gratidão dos pingos d’água num dia que você desejaria muito mesmo tomar sol? Vale a pena amar sem dimensão de tempo e espaço?

Parece que tudo acima já foi feito e ainda assim não carrego no peito a certeza de que tudo vale a pena. Talvez seja necessário entrar mais de cabeça sem pensar a profundidade da piscina. Talvez seja necessário não entrar na água aos pouquinhos, molhar somente a barriga, depois os braços até ter a coragem de dar o primeiro mergulho. Valer a pena deve ser o inverso de tudo que a terapia e os livros nos ensinam. Se a gente sempre entra com medo da temperatura nunca terá a chance de sentir um choque térmico e fazer tudo mudar dentro de si. Ter medo de fazer a vida valer a pena é bem antigo. Se permanecermos enumerando o que vale dentro dos padrões fica uma sabedoria ridícula. Nos itens para viver bem sempre tem – dormir sem culpa, fazer bem ao próximo, viver um dia de cada vez ( como se a vida não fosse um amontoado de coisas que guardamos dentro do peito), respeitar a natureza. Alguns itens para mostrar que tudo isto é reprise de novela ruim.

O que se quer para valer a pena é além. A salvação em qualquer coisa condenável, alguma certeza de tudo que só se apresenta como incerto. Alguma coisa eterna que não dure mais que cinco minutos para não dar tempo de enjoar, de lamentar, de ver que é falso, de desconfiar. Alguém inatingível na palma da mão. Fazer Belo Horizonte e Curitiba se aproximar para ver o rosto que hoje é palavra. Trazer a praia do Recreio no ato que fecho os olhos e sentir a maresia impregnando meus cabelos enquanto caminho. Trazer todos os amigos que estão em quatro cantos do mundo para dentro do mesmo quarto aqui dentro de mim. Principalmente, fazer valer a pena explodir em vida é não absorver nada, não reter tudo que se vive, cuidar da sanidade das emoções e cuidar de tudo que você descobre que tem dentro e de dentro.

Viver é simples, mas também não é fácil.

Nem sei que nome eu dou para este devaneio. Fato é que tem dias que a gente acha tudo tão monótono...

Viver é simples, mas o difícil mesmo é ter que aprender a pular do trampolim com vontade da magia do salto e sem deixar de ter cuidado.

Equilíbrio.

Isso, sim, isso é que deve ser conseguir.

domingo, 27 de março de 2011

Palavras coloridas


Ela tem a grande mania de marcar com caneta amarela ou verde neon as partes dos livros, artigos e revistas que lê. As páginas criam um ar alegre até mesmo quando as frases são tristes. É mania da moça se misturar nas coisas.
Quando na estante da sala apreciamos as obras, sabemos exatamente qual o livro lhe pertenceu durante um tempo. Cores, anotações, gotas de lágrimas secas enrugando as páginas. Marcas de dedos sujos de chocolate (porque ela tem grande apreço pelo sabor deste doce). Tem obra que tem cheiro dos perfumes que ela usa. E basta passar as paginas com agilidade para acreditar que ela está dentro de cada um deles. Existem anotações instigantes que remetem o tempo gasto dela para compreender o homem, o mundo, a humanidade. Outras são patéticas e apresentam apenas sua percepção diante do impacto de uma grande frase.
Poesia é sua paixão! Todas elas são coloridas de verde, rosa, azul, amarelo e laranja. A obra de Drummond é quase toda verde. Vinícius e Pessoa é sempre rosa e amarelo. Caio Fernando Abreu e Ana Cristina C. é todo pintado de alaranjado.
Livros de filosofia são carregados de anotações. São livros que dizem do autor e da leitora ao mesmo tempo. São frases que erigem o desejo dela de ter sido a própria escritora de belos pensamentos. Quase sem cor, mas com precisão nos conceitos e interpretações de aforismos e textos. Mais que interferências na obra podemos acreditar que são diálogos longos com data e página marcadas. Nestas obras ela tem mania de pregar papéis coloridos e escrever breves anotações para fazer um sumário á sua maneira quando tiver que ler novamente algumas das obras. A moça apesar do trabalho que tem, aprecia muito mesmo filosofia
Tem muita biografia também. As biografias são azuis. Quase sem anotação alguma. Como se fosse preciso ler o pensamento do outro com profundo respeito pela vida que vive ali naquele livro.
É bonito ver a estante. E saber que em cada livro existe um arco-íris desenhado pela moça que tem mania de colorir o mundo!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Em construção


O desejo de ser exatamente aquilo que ela entendia que era aumentava muito dentro dela. Subiu a escada do ônibus com grande alegria de existir naquele momento em que sabia que a partir daquela porta para dentro, seu mundo estaria pelo menos dois passos de seus sonhos. Eram apenas dois passos, ela sabia, mas também eram dois passos a menos nesta estrada enorme chamada vida!

Sentou na poltrona que avistava as curvas, os carros, as linhas retas e pensava sempre dentro dela mesma – que bom é andar para frente, mesmo quando a busca são de coisas que deixamos para trás!

Vozes, rádios, buzinas, muitas pernas e muitos braços se mesclam com despedidas e encontros. Todo o cenário é bonito porque exala existência.

No táxi entrou com olhos largos, sorriu com lábios poucos, sentou com a alma inquieta e sonhou o sonho próximo.

Caminhou as ruas que nunca andou, sentiu no ar as reflexões de todas as ordens: da física, quântica, da anatomia, das reflexões de Shumpeter, dos poemas de Pessoa, das equações matemáticas, das legislações e das metafísicas. Na verdade, sentiu nestas ruas e nestes prédios um grande cheiro de novo e de antigo criando um aroma típico de tudo que ela buscava.

Seguia em direção aos gregos, modernos e contemporâneos. Seguiu mais um pouco e se deparou com Descartes e Merleau-Ponty. Sentiu uma alegria quase plena dentro do peito. Sabia que era preciso estar ali desde muito tempo para dialogar as dores, as inquietações que a vida ordinária não a deixa pensar e apresentar. Sentiu existindo...

Pensou conceitos já sedimentados, mas ali, naquela sala, apenas nus de sentidos. Pensou o corpo, pensou a arte, pensou a vida, pensou a morte! Sentiu novamente outra alegria quase plena. Afinal, se sentiu corajosa por estar ali, em plena terça-feira, vivendo uma vida que é preciso ser dela.

Precisou voltar... Caminhar as mesmas ruas, seguir o inverso de todo o trajeto que fez algumas horas antes.

Voltou sem bagagem nas mãos. Voltou com mais fantasmas residindo no sótão da casa dentro dela. Voltou feliz com os passos dados. Voltou pensando até mesmo que já é momento de pensar em amar.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Prazer em não conhecê-lo!


Eu nem sei bem ao certo quem é você. Sei que é uma foto que não se deixa ser desvelada por qualquer pessoa com os óculos escuros tampando as janelas de sua alma. Não tive ainda a chance de ver seus olhos, de sentir seu cheiro e compreender no movimento de seu corpo suas manias. Até aquele dia eu sequer sabia que você existia. Era tão próximo e ao mesmo tempo tão distante.
Mas o destino, este anjo próximo de Deus, fez com que você me olhasse com olhos de quem quer ver e deixar “qualquer coisa” que me fizesse pensar sobre este enigma de conhecer você, de desvendar por trás da lente o homem. Conheci seu avesso. Sua parte mais nobre ofertada no espaço virtual que até este momento é a única coisa que nos une. Senti sua infância nas imagens escolhidas pela memória de suas sensações. Ventilei em meus pensamentos como você nadava e pescava naquele rio, o motivo do ipê te olhar tão verdadeiramente ao ponto de você ser seduzido pelo amarelo em contraste com o azul no quintal de sua casa de infância. Imaginei as nuvens que se movimentavam sob você e sua curiosidade quase infantil de encontrar formas em algo tão frágil. Refleti sobre a sua paixão pelas asas e a necessidade quase visceral de ver o mundo através de outros ângulos, de novas percepções. Invadindo aos poucos seu universo compreendi, mesmo sem te conhecer, que voar é realmente um verbo que combina bem com você.
Neste jogo de puzzle fui juntando as peças que você mesmo me ofertou para conhecê-lo. Fui criando sua personalidade, seu cheiro, sua essência para sentir uma proximidade que quase não existe devido a tela nos separa.
Você é o longe, a miragem, as estradas, os devaneios. Você é o lado frágil que busco sentir nas pessoas; você é a coragem que eu quase não encontro nos homens; você é a docilidade de quem sabe que o mundo; no dizer de Merleau-Ponty; é aquilo que vemos, mas que ao mesmo tempo é preciso aprender a vê-lo. Você é guiado pela racionalidade estética, reconhece o belo que é ofertado todos os dias para os corações ingênuos. Você é a música serena que relaciono sempre que penso em natureza. Você é sonho ou talvez concretude.
Nem sei ao certo quem é você. Podemos passar um pelo outro em alguma rua e não nos reconhecermos. Nossos corpos ainda são familiares. Não conheço o mapa de sua anatomia, as marcas de infância, o local que de dá prazer carnal, o local que te apraz no deslizar das mãos. Mas sei que você é fragmento de muitas coisas que eu aprecio e talvez, por esta razão no encontro de corpos, depois deste encontro de almas eu o chame um dia de meu homem.

sábado, 12 de março de 2011

Saudade de amar


Saudade de um amor dentro de mim... saudade de ter um amor que tenha nome, idade, profissão e sonhos. Um amor que tenha defeitos suficientes para não suportá-los e por isto mesmo ter o compromisso de aceitá-lo exatamente como é, e não como eu gostaria que fosse. Saudade de sentir um cheiro de homem pelo quarto misturado com a lavanda dos lençóis limpos para uma noite a dois.Ter sempre uma companhia, mesmo que a solidão ainda esteja presente. Saudade de ser fêmea.
Saudade de um amor do meu lado. Saudade de tocar as mãos e caminhar pelas ruas falando sobre o preço da carne, o sapato novo lindíssimo que vi na loja ou pedir uma opinião se entro na aula de italiano ou de esperanto.
Saudade de um amor à minha frente... que me oriente os caminhos que ainda temo andar! Saudade de um amor que entre na frente quando chego tarde da noite para ver se tem barata no quarto. Saudade de uma mão que estenda quando a "chuva chove" na gente e o sapato de salto se torna um desafio e não mais um fetiche para nós dois! Saudade de um amor que esteja à frente de mim em alguma coisa: na cultura, nos sonhos realizados, nos filhos gerados, nas profissões vivenciadas, nas músicas escutadas e nos filmes vistos.
Saudade de um amor atrás de mim que me apoie caso eu caia. Saudade de um amor que me olhe por trás e me deseje com fome de amor e sede de ternura. Saudade de um amor que alise meus cabelos no show que toca a música que é nossa e de muitos outros casais da platéia.
Saudade de amar um amor e de chamá-lo de homem, de lindo, de chato ou de um apelido qualquer.
Saudade de um amor sentido de todas as formas, mas principalmente de um amor que aconteça no meu coração.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

primeiro capítulo





Hoje desejei apenas ser... Seguir meu próprio instante sem a menor pretensão de ser gente. Queria ser mais urgente! Queria ser átomo, nêutron, molécula, para sentir a vibração de tudo aquilo que é vida no instante exato em que se é. Pensei que esta vontade fosse simples e que voltaria a dormir quando iniciasse a vida “burocrática” do trabalho. Mas, mesmo com tarefas ordinárias, mesmo com ligações de informações constantes, mesmo com vários “mesmos”, a vontade de existir crescia como mato à beira do asfalto. Sentia, após aquela música que tocou tão distraidamente, um desejo de existir! Suportei fortemente, mas a vontade explodiu como um vulcão em erupção. Jorrou palavras sedimentadas pela cultura, mas totalmente novas de sentimentos. Senti-me nobre em plena tarde de terça-feira! Existo sem predicado e sem tempo. Mas como a descoberta é nobre demais eu resolvi nesta tarde dividir no espaço virtual minha descoberta. Lancei palavras da mesma forma como somos lançados no mundo no momento em que existimos nele. E eis que você aparece! Quem é você? Surgiu diferente de todos que dividiam comigo minha descoberta. As pessoas se encantavam com a novidade, mas você, você “com-partilhou” comigo e fez estória no momento que era apenas meu, mas em questão de segundos, horas ou séculos, tornou-se nosso. Existimos a partir daquele instante em total comunhão. Formamos frases, entrelaçamos palavras que se misturavam como dois corpos enamorados e vislumbrados com a beleza de se sentir “apaixonado”. Em total gratuidade de um sentimento que não sabemos ainda dar nome, por ser novo, cheirando ainda “à leite”, criamos o primeiro capítulo de um livro que já existe.