sexta-feira, 18 de outubro de 2013

VINICIANDO DESDE 1992



1992
A moça de olhos grandes e lábios finos sintonizava em seu novo aparelho de som uma rádio qualquer. Entre um chiado e uma música estrangeira, eis que uma melodia tomou conta do quarto e da alma da moça. Voz rouca, melodia doce, vontade insuportável de ficar horas e horas escutando aquele homem cantar. " Se você quer ser minha namorada/ ah, que linda namorada/ você poderia ser". Quem é ele? - perguntou. Vinícius - disse o pai da moça. Vinícius de Moraes.


2013
A moça de olhos grandes e coração aberto percorre a vida no duro aprendizado de ser mulher. Mas desde aquele dia, em seu quarto, nunca mais deixou de "viniciar" pelo amplo território que chamamos de vida!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Os encantos de Tiradentes ( Homenagem a Breno, Ana Flávia e Tiago)

No 16º Festival de Cinema de Tiradentes passei boas 48 horas junto de amigos na cidade histórica! Fiquei observando depois as fotos que foram registradas sob o olhar de quem observa as coisas com sensibilidade. São paisagens que carregam uma história, mas que também são leves, bem diferentes daquela que presenciamos quase sempre na vida ordinária. A cidadezinha mais parece um retrato antigo guardado no álbum de família! Charretes, igrejas que guardam memória, crendices e mortos de uma história recente. Ladeiras íngremes que fazem suar o corpo sem o auxílio frequente do automóvel! As lojas sempre com cheiro de madeira, de pimenta, de doce de casa de vó. Tiradentes tem uma fé absurda!Até um ateu consegue rezar um pai nosso quando vê ao longe a serra, a cachoeira e todas as belezas que provam a existência de Deus! A gente se sente dentro dos poemas de Adélia Prado que falam de Deus sem dogmatismo, mas com um amor grande por Ele sem sequer dizer! Tiradentes é onde aprendemos a ter mais orgulho ainda de ser mineiro! O sotaque cantado, o uai e o "trem" nosso de cada dia é a coisa mais deliciosa que se tem para ouvir! E a culinária? Até os homens mais modernos se sentem modestos depois de um pão de queijo ou de uma rica e gostosa galinha caipira com quiabo! Nestes dias, sob a chuva, a lua cheia e as mais belas companhias em Tiradentes, eu percebi que para ser feliz é preciso de muito pouco e que viver é dádiva sempre!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

E por falar em amor...

Dia desses enquanto caminhava ouvia duas amigas à minha frente comentando sobre seus casos de amor. Não que eu estivesse desejando ouvir, muito pelo contrário, quando caminho eu desejo minha companhia e meus devaneios. Mas pela distância, acabei ouvindo algumas percepções que ambas possuem da palavra amor. Uma delas questionou a demora do companheiro em dizer eu te amo. Indignada com a demora do moço narrou a história de vários casais que em pouco tempo dividiam a mesma frase entre um beijo e um afago, entre um filme e pipoca, entre um volante e a troca da música no som do carro. Em linha reta e reflexões curvas, fiquei pensando quantas vezes usei esta frase. Se eu falei, valha-me Deus pensar quantas vezes também escutei um “eu te amo” sem reflexão alguma! Mas lembrei-me dos namorados que tive e da lembrança deste tão esperado momento quando se é mais jovem. Nos passos largos e ágeis lembrei-me de muitas demonstrações que tive de amor. Genuínas e gratuitas como se deve ser. Um namorado fazia cartas de amor com frases e textos de poetas para me oferecer semanalmente, outro me entregou um CD com as músicas que ele amava como forma de doar um pouco de si para mim. Lembro-me de um namorado que escrevia um diário sobre nossa estória e fazia um registro de todas as minhas fotos de festivais de ballet. E, por fim, no calor da caminhada, lembrei-me de um que criava músicas no piano e intitulava-as todas de Gaxa, que era a forma que ele carinhosamente me chamava. Nem sempre ouvia a frase esperada! Aquela que é criada de apenas três palavras e que as mulheres esperam como se tem fome e sede.
Não se pode esperar e apressar demonstrações de amor! Na correria da vida contemporânea perdemos as cartas de amor que recebemos diariamente dos nossos companheiros. Em vida pós-moderna, o amor deve ser lento, sem pressa e com coragem suficiente para se perder em atalhos, curvar em nossas estradas, sem pressa alguma de nascer e crescer. De velocidade andamos fartos. Basta a tecnologia e todas as informações escancaradas em jornais que nos apressam a viver, crescer e morrer. Para amar é preciso dar passos lentos. Em vida pós-moderna, o amor deve ter tempo... Pensei em andar mais apressadamente e compartilhar desta reflexão que fiz. Mas achei melhor seguir em frente. Afinal, cada um tem o seu tempo na estrada chamada vida e em questão de amor é preciso andar lentamente observando a estrada. Coisa que, aos trinta anos já somos capazes de fazer!