quarta-feira, 30 de novembro de 2011


Era tudo mais romântico e misterioso no tempo que para ser voyeur bastava vigiar a janela do vizinho. Hoje,o que nos resta é teclar o twitter de quem seguimos...

domingo, 27 de novembro de 2011

O que não tem nome...


Nem sei que nome eu dou para este devaneio. Fato é que tem dias que a gente acha tudo tão monótono: o pássaro do vizinho cantar na mesma hora, o bom dia igual para as pessoas, o alarme tocar todo dia, ter que comer direito porque não há mais tempo de não ter saúde, fazer ginástica porque não se pode mais ter um quilo a mais, mais sensato sempre um quilo a menos. Vida, viver. Dia após dia sempre em busca de uma saída, porque também não é ideal morrer. Morrer é banal. Morrer é o que fazemos diariamente para não sofrer. Morrer é quando a gente deixa de. Só que chega uma hora em que.

“Tudo vale a vale a pena se a alma não é pequena”? Mas o que vale realmente a pena? Todos os amores deletados do arquivo de fotos não reveladas do computador? Todas as conversas nas esquinas da cidade? Escutar o barulho da chuva durante três dias consecutivos e ter a gratidão dos pingos d’água num dia que você desejaria muito mesmo tomar sol? Vale a pena amar sem dimensão de tempo e espaço?

Parece que tudo acima já foi feito e ainda assim não carrego no peito a certeza de que tudo vale a pena. Talvez seja necessário entrar mais de cabeça sem pensar a profundidade da piscina. Talvez seja necessário não entrar na água aos pouquinhos, molhar somente a barriga, depois os braços até ter a coragem de dar o primeiro mergulho. Valer a pena deve ser o inverso de tudo que a terapia e os livros nos ensinam. Se a gente sempre entra com medo da temperatura nunca terá a chance de sentir um choque térmico e fazer tudo mudar dentro de si. Ter medo de fazer a vida valer a pena é bem antigo. Se permanecermos enumerando o que vale dentro dos padrões fica uma sabedoria ridícula. Nos itens para viver bem sempre tem – dormir sem culpa, fazer bem ao próximo, viver um dia de cada vez ( como se a vida não fosse um amontoado de coisas que guardamos dentro do peito), respeitar a natureza. Alguns itens para mostrar que tudo isto é reprise de novela ruim.

O que se quer para valer a pena é além. A salvação em qualquer coisa condenável, alguma certeza de tudo que só se apresenta como incerto. Alguma coisa eterna que não dure mais que cinco minutos para não dar tempo de enjoar, de lamentar, de ver que é falso, de desconfiar. Alguém inatingível na palma da mão. Fazer Belo Horizonte e Curitiba se aproximar para ver o rosto que hoje é palavra. Trazer a praia do Recreio no ato que fecho os olhos e sentir a maresia impregnando meus cabelos enquanto caminho. Trazer todos os amigos que estão em quatro cantos do mundo para dentro do mesmo quarto aqui dentro de mim. Principalmente, fazer valer a pena explodir em vida é não absorver nada, não reter tudo que se vive, cuidar da sanidade das emoções e cuidar de tudo que você descobre que tem dentro e de dentro.

Viver é simples, mas também não é fácil.

Nem sei que nome eu dou para este devaneio. Fato é que tem dias que a gente acha tudo tão monótono...

Viver é simples, mas o difícil mesmo é ter que aprender a pular do trampolim com vontade da magia do salto e sem deixar de ter cuidado.

Equilíbrio.

Isso, sim, isso é que deve ser conseguir.