terça-feira, 4 de janeiro de 2011

primeiro capítulo





Hoje desejei apenas ser... Seguir meu próprio instante sem a menor pretensão de ser gente. Queria ser mais urgente! Queria ser átomo, nêutron, molécula, para sentir a vibração de tudo aquilo que é vida no instante exato em que se é. Pensei que esta vontade fosse simples e que voltaria a dormir quando iniciasse a vida “burocrática” do trabalho. Mas, mesmo com tarefas ordinárias, mesmo com ligações de informações constantes, mesmo com vários “mesmos”, a vontade de existir crescia como mato à beira do asfalto. Sentia, após aquela música que tocou tão distraidamente, um desejo de existir! Suportei fortemente, mas a vontade explodiu como um vulcão em erupção. Jorrou palavras sedimentadas pela cultura, mas totalmente novas de sentimentos. Senti-me nobre em plena tarde de terça-feira! Existo sem predicado e sem tempo. Mas como a descoberta é nobre demais eu resolvi nesta tarde dividir no espaço virtual minha descoberta. Lancei palavras da mesma forma como somos lançados no mundo no momento em que existimos nele. E eis que você aparece! Quem é você? Surgiu diferente de todos que dividiam comigo minha descoberta. As pessoas se encantavam com a novidade, mas você, você “com-partilhou” comigo e fez estória no momento que era apenas meu, mas em questão de segundos, horas ou séculos, tornou-se nosso. Existimos a partir daquele instante em total comunhão. Formamos frases, entrelaçamos palavras que se misturavam como dois corpos enamorados e vislumbrados com a beleza de se sentir “apaixonado”. Em total gratuidade de um sentimento que não sabemos ainda dar nome, por ser novo, cheirando ainda “à leite”, criamos o primeiro capítulo de um livro que já existe.